quinta-feira, 26 de julho de 2012

Expressão Corporal: Qual a sua importância?

Será que estar feliz com o próprio corpo e perceber suas dimensões e possibilidades, é “colocar a matéria no altar das antigas divindades”, como propõe João Pereira Coutinho na edição de oito de junho do Jornal de Piracicaba, ao comentar a decisão do governo inglês de sugerir aulas de expressão e imagem corporal nas escolas? Será que aulas de expressão corporal partem de uma aparência exterior ou de uma vivência interior? Creio que o aprendiz passa a dar forma ao conhecimento a partir de si mesmo, sendo estimulado pela experimentação e a criação espontânea. Assim ocorrendo o envolvimento total e orgânico do indivíduo – simbiose corpo/alma. Não existe nenhuma novidade na sugestão dos deputados ingleses, uma vez que François Delsarte, ainda no século XIX, a partir da sua doutrina que promovia uma aliança entre o positivismo, o cristianismo e o romantismo, desenvolveu um estudo sobre as possibilidades expressivas do corpo humano e suas contribuições para pedagogia. Emile Jacques Dalcroze, já em 1930 defendia uma reeducação do indivíduo a qual propicia um desenvolvimento integral da personalidade e a consciência do ritmo individual, através da expressão corporal, relacionando corpo e alma, consciente e subconsciente, imaginação e realização. Outro fator relevante nesta proposta é a interação do grupo, a qual possibilita o cultivo de um espaço sem tensões e livre da exaustão competitiva, além da construção coletiva de um conhecimento repleto de valores sensoriais e intelectuais. Assim surge uma nova compreensão sobre o corpo, surge a ideia de um “corpo pensante” capaz de ativar a intuição. Intuição entendida como um processo básico de toda compreensão, essencial tanto a percepção sensorial quanto ao pensamento discursivo. E também estabelece uma estrutura pedagógica que dá ênfase a percepção sensorial e a coletividade. Emancipando a espontaneidade, o acesso ao nível intuitivo e físico; posicionando o aprendiz como ser sujeito à evolução através da vivência integral de suas funções corporais; propiciando uma experiência que não é ensinada, mas aprendida com autonomia. Além de uma contribuição para saúde psíquica, produz-se conhecimento através da descoberta e redescoberta, de forma lúdica; proporciona a vivência integral das funções corporais/mentais; gera a percepção do indivíduo como um todo orgânico e também como parte de outro todo orgânico, o grupo; desperta uma leitura crítica e viva dos códigos e símbolos aprendidos. A cisão entre corpo e mente e a ausência de interação impede a completa absorção e composição do conhecimento. Desta maneira, aulas de expressão corporal são de extrema relevância para a formação integral do ser/indivíduo e do ser/parte de um grupo, além de ser um ambiente/espaço que permite reconhecer as mais diversas possibilidades expressivas. Portanto, assim como aulas de teologia ou qualquer estudo sobre divindade, aulas de expressão e imagem corporal podem fazer muito "pelas nossas crianças" e pelas crianças inglesas. Ana Camila Caetano 12/06/12