domingo, 12 de agosto de 2012
Ser
Estou em um porão repleto de ruídos.
Sinto frio, fome, medo e abandono.
Tento abrir a porta...dói!
Minha pele arde, minha face está repleta de tensões que impedem minhas lágrimas.
Somente um carinho pode romper estas amarras.
Assim me entrego ao cuidado e renasço em meio a uma mata iluminada e úmida.
Sinto um cheiro afetuoso, uma solidão aconchegante e a liberdade de ser.
Ser perfeita com as minhas imperfeições, ser silêncio, ser vida, ser vazio, ser expressões e impressões, ser encontro.
Ana Camila Caetano
01/08/2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Expressão Corporal: Qual a sua importância?
Será que estar feliz com o próprio corpo e perceber suas dimensões e possibilidades, é “colocar a matéria no altar das
antigas divindades”, como propõe João Pereira Coutinho na edição de oito de junho do Jornal de Piracicaba, ao comentar a decisão do governo inglês de sugerir aulas de expressão e imagem corporal nas escolas?
Será que aulas de expressão corporal partem de uma aparência exterior ou de uma vivência interior? Creio que o aprendiz passa a dar forma ao conhecimento a partir de si mesmo, sendo estimulado pela experimentação e a criação espontânea. Assim ocorrendo o envolvimento total e orgânico do indivíduo – simbiose corpo/alma.
Não existe nenhuma novidade na sugestão dos deputados ingleses, uma vez que François Delsarte, ainda no século XIX, a partir da sua doutrina que promovia uma aliança entre o positivismo, o cristianismo e o romantismo, desenvolveu um estudo sobre as possibilidades expressivas do corpo humano e suas contribuições para pedagogia.
Emile Jacques Dalcroze, já em 1930 defendia uma reeducação do indivíduo a qual propicia um desenvolvimento integral da personalidade e a consciência do ritmo individual, através da expressão corporal, relacionando corpo e alma, consciente e subconsciente, imaginação e realização.
Outro fator relevante nesta proposta é a interação do grupo, a qual possibilita o cultivo de um espaço sem tensões e livre da exaustão competitiva, além da construção coletiva de um conhecimento repleto de valores sensoriais e intelectuais.
Assim surge uma nova compreensão sobre o corpo, surge a ideia de um “corpo pensante” capaz de ativar a intuição. Intuição entendida como um processo básico de toda compreensão, essencial tanto a percepção sensorial quanto ao pensamento discursivo.
E também estabelece uma estrutura pedagógica que dá ênfase a percepção sensorial e a coletividade. Emancipando a espontaneidade, o acesso ao nível intuitivo e físico; posicionando o aprendiz como ser sujeito à evolução através da vivência integral de suas funções corporais; propiciando uma experiência que não é ensinada, mas aprendida com autonomia.
Além de uma contribuição para saúde psíquica, produz-se conhecimento através da descoberta e redescoberta, de forma lúdica; proporciona a vivência integral das funções corporais/mentais; gera a percepção do indivíduo como um todo orgânico e também como parte de outro todo orgânico, o grupo; desperta uma leitura crítica e viva dos códigos e símbolos aprendidos.
A cisão entre corpo e mente e a ausência de interação impede a completa absorção e composição do conhecimento. Desta maneira, aulas de expressão corporal são de extrema relevância para a formação integral do ser/indivíduo e do ser/parte de um grupo, além de ser um ambiente/espaço que permite reconhecer as mais diversas possibilidades expressivas.
Portanto, assim como aulas de teologia ou qualquer estudo sobre divindade, aulas de expressão e imagem corporal podem fazer muito "pelas nossas crianças" e pelas crianças inglesas.
Ana Camila Caetano
12/06/12
terça-feira, 3 de abril de 2012
Retângulo
Da janela do meu quarto vejo janelas e vidraças,
carros e um amarelo girassol.
Um ponto vermelho, um sinal...
Gritos e uma camisola branca,
tem também uma tourada e o cachorro que arrasta uma mulher.
Luzes de TV e de banheiros.
Além da janela do meu quarto,
vi um mar que não era azul, marrom quase dourado...brilhante.
Um vento explorava meu corpo em silêncios incompletos
E, de volta à janela, só vejo a montanha e o nevoeiro.
Florianópolis, abril de 2005
carros e um amarelo girassol.
Um ponto vermelho, um sinal...
Gritos e uma camisola branca,
tem também uma tourada e o cachorro que arrasta uma mulher.
Luzes de TV e de banheiros.
Além da janela do meu quarto,
vi um mar que não era azul, marrom quase dourado...brilhante.
Um vento explorava meu corpo em silêncios incompletos
E, de volta à janela, só vejo a montanha e o nevoeiro.
Florianópolis, abril de 2005
Vivência
De todos os estados do meu ser,
O mais latente é aquele sorriso que se evapora
tornando-se fogo no céu.
As chamas caem feito gotas
deslizando sobre o telhado
atingindo meu corpo,
despertando imagens que dançam.
Da minha carne brota uma matéria incandescente,
meus dedos correm pelo capim,
um formigueiro suga meu braço.
O corpo enroscado, arrastado pelo labirinto.
Corpo de areia com peso de chumbo...Uma lança.
O mais latente é aquele sorriso que se evapora
tornando-se fogo no céu.
As chamas caem feito gotas
deslizando sobre o telhado
atingindo meu corpo,
despertando imagens que dançam.
Da minha carne brota uma matéria incandescente,
meus dedos correm pelo capim,
um formigueiro suga meu braço.
O corpo enroscado, arrastado pelo labirinto.
Corpo de areia com peso de chumbo...Uma lança.
Quase um corpo
Do canto à um canto
Entoei pensando nos teus encantos
Um sorriso lilás com olhos negros
Malícia com mãos de menina
Uma voz que "baila comigo"
Brinca de boneca, quebra a cabeça
Chora pelos pés e esquece os calcanhares
A pulsação do estômago impede o coração
Enquanto os rins já romperam com os ombros
E a coluna recupera a visão
Florianópolis, 12/04/2005
Entoei pensando nos teus encantos
Um sorriso lilás com olhos negros
Malícia com mãos de menina
Uma voz que "baila comigo"
Brinca de boneca, quebra a cabeça
Chora pelos pés e esquece os calcanhares
A pulsação do estômago impede o coração
Enquanto os rins já romperam com os ombros
E a coluna recupera a visão
Florianópolis, 12/04/2005
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